quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Como entender a presença de Deus em nossas vidas? (PARTE II)



Segunda parte encontra-se em I Reis 19:9-18.

Eu disse que na caverna é onde encontramos com o pior e o melhor de nós mesmos. Lá está o que eu tenho de pior para conhecer e o que eu tenho de melhor para aflorar depois de passar por ela. Elias estava ali com seu medo, com seu orgulho espiritual, com suas manias. O que fazemos na caverna de nós mesmos? A quem esperamos? Muitos passam pela caverna sem esperar encontrar-se com Deus. Passam, melhoram em muitos pontos. O humanismo consegue – principalmente através da psicologia – resolver muitos das cavernas humanas de nós mesmos. Mas esperar Deus na caverna que é a parte mais interessante, mais rica. Deus vai mais profundo, onde não podemos ir. Ele nos conhece nas maiores profundidades que temos, nos lugares mais profundos do nosso inconsciente, detrás das portas do nosso ser. Ele abre nossa cozinha, nossas dispensas e porões da nossa existência. Ficamos imersos nesta revelação que vem em nossa mente para podermos nos conhecer melhor.

Quando Deus disse para Elias: “Sai da caverna, pois vou passar”, Elias esperava que Deus fizesse um grande milagre nele através da manifestação de poder que ele, Elias, estava acostumado. Quando ele vê um vento tão forte que despedaçava as pedras, ele pensou: Deus vai me curar agora, este vento vai soprar meus temores para o inferno. Mas Deus não estava no vento. De repente, depois do vento, um terremoto. Um terremoto é significativo porque ele mexe com tudo em volta de uma região; é uma figura perfeita para quem esperava que Deus mexesse milagrosamente em seu interior. Elias não estava acostumado com esta profundidade de Deus em fazer milagres ainda maiores, mexer nas partes profundas do seu ser. Assim Deus não estava no terremoto para decepção de Elias. Depois veio um fogo. Ah! Fogo eu conheço! Pode ter pensado Elias. Deus havia se manifestado no monte Carmelo com fogo na frente do Rei Acabe e de seus falsos profetas e do povo de Israel. Agora Deus vem! O fogo de Deus trouxe unção a ele para matar quatrocentos e cinquenta falsos profetas, porque não traria através do fogo o poder para transformá-lo nestes dias de dor, de solidão do deserto, de caminhada pensante fazendo em um retrospecto de sua jornada e de seus medos. Estava ali algo que Elias conhecia: o fogo de Deus. Mas também Deus não estava no fogo.

A quarta manifestação de Deus muitos não conhecem, por que às vezes não sabem que Deus age assim: é a manifestação da brisa suave. Nosso cristianismo hoje está voltado para as grandes manifestações de milagres e poder sobrenatural visível. Não acho errado que esteja, mas temos que ter sensibilidade para ver o outro lado, o lado melhor de Deus. É quando Deus mexe em nossas estruturas mais profundas, é a brisa. Ele não virá com grande manifestação de poder de ventos, terremotos e fogos. Ele vai mostrar-Se a você como uma brisa suave. A brisa é aquilo que mexe nos porões da existência, lá aonde nascem as águas de nossas emoções, sentimentos, racionalidade. O poder sobrenatural serve para nosso corpo, para nos libertarmos de situações difíceis, para operação de anjos em nosso favor e livrarmos, etc. A brisa não! A brisa de Deus vai mais profundo, onde tentamos esconder de nós e de Deus, ela é doce e dolorida ao mesmo tempo. Quando ela passa até parece um vento e um terremoto no início. Muitas coisas acontecem quando estamos na caverna e próximos da brisa, ficamos perdidos porque não temos mais as armas erradas do passado e nem temos agora as novas maneiras do novo agir. A brisa é suave, mais também é mais poderosa que o vento que despedaçava as rochas, porque ela despedaça a nós mesmos que somos as maiores muralhas já construídas na humanidade.

Elias coloca a capa no rosto. Quanto significativo é capa de Elias. É ela que era a autoridade de Deus na vida dele. Era a mesma capa que ele vai deixar para Eliseu, seu sucessor. Era a capa da autoridade profética. Elias sabia que não podia usar a capa para fugir da brisa. A capa era para ser usada com os seus semelhantes e não para ser usada para se esconder ou fugir de Deus. Mas este corajoso profeta que enfrentou seu pior inimigo que era a si mesmo, em uma atitude de humildade perante o Todo Poderoso que pode nos mudar, usa a capa para tampar seu rosto diante de tal glória e poder, que os homens não resistem quando as vê. Elias não usa sua autoridade profética para fugir de suas dores, mas sim, usa para estar junto às palavras do Seu Deus compreensivo, amoroso e cheio de Graça, é como se ele dissesse: “Fala ai meu Deus, somente Tu tens as palavras desta vida”, como Pedro disse a Jesus séculos posteriormente.

A partir daí a vida do profeta modifica-se, Deus dá uma direção a ele para ungir três pessoas que farão o trabalho que sozinho Elias fazia: Hasael Rei da Síria que vai enfraquecer Israel, Jeú que futuramente será Rei em Israel e vai fazer uma reforma e Eliseu seu sucessor no manto profético.

Elias volta em sua caminhada de volta, agora conhecendo muito mais profundamente a Deus e, consequentemente, a si mesmo. Este é o caminho dos vencedores que não temem as cavernas, pois são nelas que renascemos para a nobre missão de nossas vidas: estarmos livres para amar e espalhar o amor de Deus a todos.

Como entender a presença de Deus em nossas vidas?


Não é muito fácil, pois Deus se manifesta de varias maneiras, e precisamos estar atentos ao seu agir. Existem pessoas que pensam que Deus se revela só em meio a multidão, ou através da oração forte, e somente quando o Pastor impõe as mãos e fala em línguas.  

Isso é limitar o Soberano, quando Elias estava na caverna, não foi no vento forte, no terremoto ou no fogo que a presença do Senhor estava, mas na brisa suave. 
Naamã estava leproso e precisa de um milagre, foi até o profeta e esperava uma recepção calorosa, que tivesse um ritual completo com invocação impostada do Senhor dos Senhores, imposição de mãos e todo o aparato, mas se decepcionou, quando um mensageiro do profeta veio a ele e disse, lava-te 7 vezes no jordão.

Não entendemos o agir de Deus muitas vezes, mas uma coisa aprendo, barulho, gritaria, impostação de voz, shows pirotécnicos, presença de palco e tudo mais nem sempre traz a resposta de Deus para nossa vida, ou o milagre que vai mudar a nossa história.

Deus tem suas maneiras de agir, e pode se manifestar com poder e glória, como fez juntamente com Elias diante dos profetas de Baal. O que não podemos é querer manipular o Soberano, pois uma simples oração de um justo tem um efeito poderoso diante de Deus.

Será que você pode ficar um minuto em silêncio e ouvir Deus falar com você?

Paz,

Como entender a presença de Deus em nossas vidas?


I Reis 19

Depois de dias de luta com Jesabel e seus profetas, Elias chega ao clímax de sua fraqueza: o medo. Jesabel desperta no grande Profeta o que ele tinha de fraqueza. Todos nós temos as nossas de alguma maneira, em alguma área. Elias tinha o medo como grande inimigo. Quando ele estava debaixo da unção de Deus era destemido, mas passando os dias dela vem o medo e toma conta de Elias ao ouvir que Jesabel o mataria como ele fez aos profetas. Acuado, Elias deixa seu discípulo em Berseba e vai para o deserto. Deita embaixo do pé de zimbro e pede a Deus a morte.

No contexto, depois de três dias sem dormir, em oração e luta espiritual e natural, Elias está estressado, isto faz aumentar seu medo, não havia hormônios o bastante em seu cérebro para o ânimo, aliás, quase todo profeta na Bíblia tem labilidade de humor, suas mentes são brilhantes, proféticas, mas parecem de tem “fios desencapados”, ser profeta é paradoxal com a ”normalidade” do contexto natural.
O Anjo: Toca duas vezes em Elias. Necessitamos quando estamos tão  fracos de uma interferência celestial para nos ajudar. Deus manda através do anjo pão assado sobre brasas e um jarro de água. Quando estamos próximos a sucumbir o socorro vem do céu. Pão era o próprio corpo de Cristo pré-encarnado ali. Brasas e Água é como o Espírito Santo se manisfesta a nós. Elias necessitava de brasa do Espírito: para queimar seus temores. Da água do Espírito:  para lavar, perdoar e continuar.

40 dias caminhando: Depois de comer (com insistência do anjo), Elias vê que não resta alternativa senão seguir uma caminhada do silêncio, do aprender, do estar sozinho consigo. Quantos temem estar sozinhos consigo mesmos no silêncio de Deus? Temos que caminhar na caça de nós mesmos, na busca de nossas fraquezas para sermos mais felizes, mais úteis. Deus fez a parte Dele – deu um alimento sobrenatural que sustentou o profeta no deserto por 40 dias. Mas o silêncio estava ali, a solidão invadia a alma de Elias, cada curva talvez uma lágrima de choro por si mesmo, por suas dores. Ele talvez se perguntasse: Onde está você profeta das grandes manifestações? Temos que entender que silêncio também é voz para Deus. Elias estava só, mas não sozinho. O Pão, a Brasa e a Água estavam ali. As pedras talvez machucassem seus pés, mas o fim do caminho para o monte seria de grandes frutos.

A caverna: A caverna no monte Horebe, mesmo lugar que Moisés também enfrentou sua fraqueza, a sarça que ardia. Moisés era cheio de insegurança, de rejeição pela família de Faraó. Elias era um fujão de medo, perfeccionista, orgulhoso em achar que somente ele servia a Deus em Israel. Nossos heróis desnudados perante Deus. Você fica decepcionado? Eu não! Acho muita coragem estes homens enfrentarem a si mesmos e deixar a Palavra os apresentar assim, porque eles se tornam humanos como nós, pecadores como nós, medrosos, ansiosos como nós, isto é, são humanos e não deuses. “Meus heróis morreram de overdose”, diz Cazuza; meus heróis não! Eles chegaram a mais profunda luta consigo mesmos: a caverna do ser, o lugar mais escondido de nós, onde nossas fraquezas encontram forças, é preciso ir lá, lá onde o alimento de nossas fraquezas adquire forças. Chegar lá com Deus, eis a grande vitória do ser humano, é o começo de sua vitória, depois da dor de existir vem o propósito de Ser, de Ser na face da terra um agente da paz de Deus, de achar o propósito para o qual nascemos.

A 1ª pergunta: A palavra de Deus veio a Ele. Do fundo da caverna costumam sair as perguntas de Deus. Que fazes aqui Elias? Será que este é o teu lugar? Será que este é o teu fim? Que fazes aqui? Deus nos respeita na caverna, ele sabe o que fazemos, mesmo assim pergunta. Como Deus é Sábio em Sua interferência. Ele não condena, Ele pergunta. Ele não castiga, Ele pergunta. Ele não repreende, Ele pergunta. A graça maravilhosa do amor ensina muito mais do que corrige, ele só corrige para ensinar e nunca por indignar-se conosco. Ele sabia que Elias estava ali pelo medo de Jezabel, pela amargura em achar que somente ele lutava as guerras do Senhor.

A grande questão é aprendermos na caverna para não mais passarmos por ela, mas fica para o próximo texto. Não deixe de ler, ainda tem muito, muito mais que ensina da trajetória do maior profeta da Palavra: Elias.