quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Prostrados aos pés de Jesus permanecemos em pé.

Convidou-o um dos fariseus para que fosse jantar com ele. Jesus, entrando na casa do fariseu, tomou lugar à mesa. E eis que uma mulher da cidade, pecadora, sabendo que Ele estava à mesa na casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com unguento; e, estando por detrás, aos seus pés, chorando, regava-os com suas lágrimas e os enxugava com os próprios cabelos; e beijava-lhe os pés e os ungia com o unguento. Ao ver isto, o fariseu que o convidara disse consigo mesmo: Se este fora profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, porque é pecadora. Mas Jesus disse à mulher: A tua fé te salvou; vai-te em paz. Lucas 7:36-39 e 50.




A seita dos fariseus já era conhecida há mais de cem anos, antes do nascimento de Jesus. Segundo Melinda Fish, os fariseus eram um grupo de homens sinceros cujo único desejo era, originalmente, o de fazer com que Israel voltasse à fé no Deus das Escrituras. A obediência à Lei era o centro de sua doutrina pois criam que, desta forma, ganhariam o favor de Deus, evitando Seu julgamento. Eram pessoas sinceras, preocupadas em agir corretamente.

A mesma escritora também faz a seguinte observação: Mas, pela época da vinda de Jesus, a seita dos fariseus havia deixado para trás suas origens humildes e se tornara uma força que unia os poderes políticos e religiosos tornando-se, muitas vezes, maior do que sacerdotes e reis. Eles haviam elaborado um sistema religioso que definia para cada judeu o que significava ser verdadeiramente espiritual. As massas os temiam. Certas inflações da lei judaica, como heresia, eram punidas com a morte e o povo os temia por serem, frequentemente, homens sem misericórdia, que podiam influenciar os poderes governantes a condenar e executar um cidadão comum. Infelizmente, o espírito do farisaísmo ainda vive no cristianismo hoje. A religião farisaica ensina que somente aqueles que se esforçam bastante, oram muito e praticam todos os deveres religiosos, merecem o amor de Deus. O religioso é crítico e sempre tem preparado muitos textos bíblicos, convenientemente selecionados, para, com eles, defender as suas próprias convicções. Armado de sua munição predileta, o julgamento, está sempre de prontidão para atacar todo aquele que não se conforma com os seus rígidos padrões de espiritualidade. Todos aqueles que trilham o caminho de um cristianismo fundamentado no desempenho estão fadados a um esgotamento espiritual. Tornam-se pessoas amarguradas e frustradas consigo mesmas, com os outros e com a própria religião. Em realidade, todo o que se esforça para obter a aprovação dos outros e de Deus, é um religioso. O fariseu precisa se utilizar de muitas máscaras para poder ser aceito pelos homens e por Deus. O religioso é todo aquele que cria um próprio padrão de retidão moral, tentando, desta maneira, ser aceito por Deus. Ao invés de se render à suficiência da graça para ser aceito por Deus, prefere, como os fariseus da época de Jesus, aumentar o tamanho de seus filactérios e alongar as franjas de seus xales de oração. O religioso tem uma necessidade doentia de fazer alguma coisa para Deus. Completamente cego para a suficiência da graça, precisa se apoiar em alguma coisa que possa fazer com que se sinta merecedor da atenção divina. Todo religioso vive de aparência. A tradição dos homens, a busca da glória e o apego à própria justiça são marcas de todo o religioso. Lemos, em Marcos 7:9, João 12:42-43, Lucas 16:15: E disse-lhes ainda: Jeitosamente rejeitais o preceito de Deus para guardardes a vossa própria tradição. Contudo, muitos dentre as próprias autoridades creram nele, mas, por causa dos fariseus, não o confessavam, para não serem expulsos da sinagoga; porque amaram mais a glória dos homens do que a glória de Deus. Mas Jesus lhes disse: Vós sois os que vos justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece o vosso coração; pois aquilo que é elevado entre os homens é abominação diante de Deus. 


O fariseu da narrativa de Lucas é um típico religioso da época de Jesus. Consideremos alguns contrastes entre ele e a mulher pecadora: a mulher estava com um vaso de alabastro repleto de um raro perfume, o fariseu estava carregado de preconceito. A mulher derramava lágrimas aos pés de Jesus e os enxugava com os seus próprios cabelos, o fariseu esbanjava falsa espiritualidade e julgava. A mulher ungia os pés de Jesus com o precioso unguento, o fariseu se orgulhava de sua religião eletiva. A mulher via em Jesus um salvador que a aceitava como ela era, o fariseu criticava e não enxergava em Jesus mais do que um mestre e fazedor de milagres. A mulher estava convicta dos seus muitos pecados, o fariseu achava-se muito justo. No ponto de vista do fariseu, somente os especiais, os morais e os dignos eram amados e aceitos por Deus. Porém, Jesus nos mostra exatamente o contrário. Ele veio para os perdidos, indignos, imorais e malsucedidos. A religião só premia os vencedores. A graça elege somente os fracassados. No mundo religioso, somente os esforçados são recompensados por Deus. No reino da graça, somente os que se vêem miseráveis e indignos recebem o tudo de Deus. O compromisso gracioso de Jesus envolve os desprezados, cansados, rejeitados, oprimidos e falidos, porém a liberdade oferecida pela religião é falsa e mentirosa. A especialidade da religião é frustrar e castrar toda a liberdade do homem. Todo religioso reza numa cartilha especial chamada: "Isto pode, mas isto não pode". O fermento farisaico produz um sentimento de culpa no homem, pois somente aqueles que se enquadram no duro regime imposto pelo legalismo são aceitos por Deus. Não existe graça e misericórdia na religião. O que impera é um sistema maligno de troca. Faça, e receberás.


Jesus que conhece todas as coisas e sabia o que havia no coração do fariseu, disse o seguinte a ele: Certo credor tinha dois devedores: um lhe devia quinhentos denários, e o outro, cinquenta. Não tendo nenhum dos dois com que pagar, perdoou-lhes a ambos. Qual deles, portanto, o amará mais? Respondeu-lhe Simão: Suponho que aquele a quem mais perdoou. Replicou-lhe: Julgaste bem. Lucas 7: 41-43. O fariseu foi sábio em sua resposta, porém estava cego em relação ao Senhor Jesus. O fariseu, acorrentado pela sua tradição religiosa, continuava insensível em relação às lágrimas daquela mulher. Não conseguia ver o arrependimento e a sinceridade em sua atitude diante do Senhor. Segundo a tradição daquela época, era sinal de uma boa hospedagem oferecer água para os pés, saudar com ósculo e passar óleo sobre a cabeça dos convidados. Porém, nada disso vemos no fariseu. Então, Jesus, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; esta, porém, regou os meus pés com lágrimas e os enxugou com os seus cabelos. Não me deste ósculo; ela, entretanto, desde que entrei não cessa de me beijar os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta, com bálsamo, ungiu os meus pés. Lucas 7:44-46. Em seguida destas palavras, Jesus disse ao fariseu: Perdoados lhe são os seus muitos pecados, porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama. Então, disse à mulher: Perdoados são os teus pecados. Lucas 7:47 e 48. A colocação de Jesus provocou um alvoroço entre os outros convidados: Os que estavam com Ele à mesa começaram a dizer entre si: Quem é este que até perdoa pecados? Lucas 7:49. Sem dar atenção àqueles fariseus legalistas, Jesus fala à mulher: A tua fé te salvou; vai-te em paz. Lucas 7:50. Sem acusações, sem discursos, sem cobranças, sem críticas, e sem um sermão moral, Jesus despediu aquela mulher. Aquela mulher não precisava ouvir um belo discurso sobre moralidade. Não necessitava saber que não podia frequentar determinados lugares. Não tinha que ouvir que a sua vida era um poço de lama de imoralidade, pois ela já sabia disso. Ela necessitava desesperadamente ser aceita como ela era. Ela jamais poderia ser aceita no meio religioso, pois, neste lugar, somente os dignos são recebidos. Porém, Jesus Cristo, que é pleno de graça, a recebeu e a salvou perfeitamente. Chegou diante de Jesus cheia de pecados, e foi embora perdoada e repleta de paz. Que todos atendam ao convite de Jesus: Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve. Mateus 11:28-30.

                               O melhor lugar do mundo é aos pés do Salvador!

Sendo assim, deixo para o deleite espiritual de todos vocês esta linda melodia, Deus abençoe a todos! Jordan William